Podem as línguas salvar vidas? Nos cursos para crianças há quem acredite que sim (Entrevista)


O Gabriel (11 anos), o António e o Artur (ambos com 15 anos) são 3 dos cerca de 50 alunos que participaram nos cursos de línguas para crianças, organizados pelo CLi-FLUL no verão. Apesar das idades, não foi a primeira vez que frequentaram aulas na Faculdade de Letras da ULisboa. Foi precisamente por isso que fomos ouvi-los falar, como gente grande, sobre um curso de Inglês que frequentaram nas férias, mas que levaram muito a sério.

As aulas interativas e ambiente encorajador fizeram-nos querer voltar aos cursos de línguas para crianças, no CLi-FLUL

Há 4 anos, o António frequentou, pela primeira vez, um curso de Alemão no CLi-FLUL, com a sua irmã, também nas férias de verão. Este ano, mesmo sozinho, resolveu repetir a experiência. Voltou a inscrever-se nos cursos de línguas para crianças (agora em Inglês) e explicou-nos porquê.

“Eu gosto bastante destas aulas em Inglês com o professor Daniel Gregg. Acho que são bastante interativas, o que é bom porque se eu viesse para aqui com o mesmo método de ensino da escola, provavelmente não prestaria tanta atenção, porque estamos de férias…”

Para o António, os jogos em sala de aula e o facto de não terem de esperar ou levantar o dedo para participar são pontos a favor do CLi-FLUL que ajudam a minimizar “aquele stress que às vezes há quando estamos na escola”. “Isso facilita bastante o método de aprendizagem, acho que é bastante bom e tranquilo”.

Também para o Gabriel, o mais novo dos 3, foi o método de ensino que o fez repetir esta experiência que o ajuda no dia-a-dia. “Ajuda-me a entender as palavras dum filme ou quando estamos a fazer um teste. Aí já sabemos o que querem dizer as perguntas e já sabemos o que responder”, exemplificou.

O Artur, concordando com os colegas, também elogia a forma de ensinar do Professor, e destaca que aqui podem dizer o que quiserem sem medo de errar. “Se errarmos o Professor corrige-nos e não há consequências”.

Foi por iniciativa do Professor que o Artur começou a ler o seu primeiro livro em Inglês. “O Professor sugeriu que cada um escolhesse qualquer livro que quisesse. Eu nunca tinha lido em Inglês e escolhi Confess, de Colin Hoover”. Confessa o Artur que há algumas coisas em que às vezes surgem dúvidas, mas a mãe e o Google Translator são sempre uma boa ajuda. É por isso, que, de um modo geral, a experiência tem sido fácil.

O número reduzido de alunos por turma (8 a 15, aproximadamente) é para os 3 estudantes mais uma vantagem. Assim, dizem, cada aluno tem mais tempo para falar e esclarecer dúvidas.

“As línguas serão sempre necessárias” – um investimento no futuro 

Sem hesitações, os 3 alunos reconhecem a importância das línguas não só no dia-a-dia, mas sobretudo no futuro. São essas as suas principais motivações para aprender línguas estrangeiras.

Para o Gabriel, que aos 11 anos está prestes a desistir da carreira de engenheiro (tem dúvidas em relação ao seu talento para o desenho), a profissão de médico é uma hipótese em cima da mesa. E se para algumas pessoas a relação entre a medicina e as línguas pode parecer menos óbvia, ao Gabriel parece lógica. “Os médicos podem, por exemplo, ter de salvar uma criança de qualquer doença e essa criança pode ser inglesa, pode ser de outra língua… posso aprender essa língua para ver se consigo comunicar.”

Para o António, uma mão não chega para contar as muitas profissões que lhe interessam. Do direito ao jornalismo, passando pela carreira militar, pondera várias opções. Também inclinado para a carreira militar, mas indeciso entre a força aérea e marinha, o Artur não tem dúvidas de que “as línguas serão sempre necessárias”.

Mas como o futuro é agora, os 3 jovens encontram vários exemplos de situações práticas em que as línguas já lhes são úteis. seja na sala de aula, nas ruas – onde são abordados por turistas – ,   nos videojogos – em que o Inglês é a língua dominante – ou para acompanhar os youtubers, que seguem de perto.

O que é que o Ricky Gervais, um freestyler de basketball e o Indiana Jones têm em comum?

Para terminar, quisemos saber se havia ídolos anglófonos com quem estes 3 estudantes de Inglês se quisessem encontrar e as respostas não se fizeram esperar.

O Artur, que é um entusiasta do basket, marcava encontro com o freestyler e youtuber The Professor. O António, espectador atento do The Office, gostava de conhecer dois ilustres atores e comediantes: Ricky Gervais, ou Steve Carell. Já o Gabriel não conseguiu decidir entre o ator que faz de Indiana Jones, de quem elogia “o espírito ao representar”, e alguém da NASA, porque gosta do espaço e das estrelas.

“To-do list” para o que resta das férias de verão

Para os dias de férias que lhes restam, os 3 estudantes fazem planos de seguir com os seus afazeres habituais. O António tenciona continuar a andar de bicicleta, jogar futebol, ler e ver tv. O Artur vai continuar a treinar os seus passes de basket e a ler, agora também em Inglês. O Gabriel pretende manter as visitas aos avós, estar com os amigos e jogar. Há-de recorrer ao pai e à mãe sempre que a bagagem se mostrar insuficiente para acompanhar as personagens.

Finalmente, não sabemos o que o futuro reserva a estes 3 rapazes. Contudo, se encararem as suas listas de tarefas com a mesma seriedade com que se disponibilizaram para responder às nossas perguntas, é muito provável que vão passando pela vida com distinção.